Você muito provavelmente já deve ter visto essa sigla por aí - seja em algum portal de notícias, no site de alguma empresa ou no LinkedIn. Mas você sabe o que ela significa? Se você acha que só tem a ver com o meio ambiente, vamos te dar um spoiler: é muito mais do que isso.
A sigla vem do inglês Environmental, Social and corporate Governance e esse princípio tem um foco em desenvolver melhores práticas ambientais, sociais e de governança. Entretanto, dentro desses aspectos, existem diversos itens que precisam ser analisados. Devido à complexidade do assunto, podemos dizer que para definir quais são as empresas destaque na área, não analisamos quais possuem ESG ou não (pois a maioria das empresas possui pelo menos algum item da lista), mas sim, refletir sobre o quão avançado está o desenvolvimento de tais práticas e o quanto aquela empresa tem a agregar no assunto.
Explicando letra por letra, podemos começar pela letra (E). Como foco principal, podemos dizer que é necessário proteger os recursos naturais, reduzir a emissão de poluentes e impactar positivamente o meio ambiente.
Outro foco são as causas socias (S), que se mostram cada vez mais importantes na sociedade e que engloba desde políticas de diversidade para o ambiente de trabalho até projetos para reduzir a desigualdade.
Por fim, ela deve cuidar da transparência dos processos corporativos (G), garantindo a independência do conselho de administração e investindo em mecanismos para impedir casos de corrupção, discriminação e assédio.
Esses 3 tópicos são preocupações cada vez mais presentes nas empresas, principalmente pela entrada da geração Z no mercado de trabalho (geração essa que precisa de propósito em tudo que faz, preferindo não fazer parte de uma empresa se não concordar com seus valores). Entretanto, essa discussão vem desde a década de 80, mais especificamente 1987, quando a Comissão Mundial sobre o Meio Ambiente e Desenvolvimento da ONU lançou o relatório "Nosso Futuro Comum" contendo o termo desenvolvimento sustentável.
Alguns anos mais tarde, em 1994, John Elkington criou o Tripé da Sustentabilidade, trazendo 3 temas que são considerados pertinentes para a sociedade e a gestão de empresas: Pessoas, Planeta e Prosperidade, os 3 Ps da sustentabilidade.
E finalmente, em 2004, o termo ESG apareceu pela primeira vez. O secretário-geral da ONU, Kofi Annan, era o responsável por um documento chamado "Who Cares Wins" (quem se importa vence), no qual havia um pedido para que investidores e instituições financeiras estabelecessem alguns critérios de princípios sociais, ambientais e de governança nas análises de investimento.
Depois desse documento, alguns eventos como a Agenda 2030 da ONU e o Acordo de Paris fizeram com que o tema estivesse em alta, mas o turning point para o ESG se tornar algo relevante para o mundo corporativo, aconteceu em 2020. Larry Fink, CEO da BlackRock - maior gestora de fundos do mundo -, anunciou no ano passado que a sustentabilidade se tornou um critério para empresas receberem investimentos. Além disso, ele afirmou que as empresas que não se adaptassem a essa demanda, estavam fadadas a ficarem sem capital.
É meio preocupante que tenha sido necessário um grande player do mundo dos investimentos dar o aval de que a sustentabilidade é sim necessária, para ela de fato começar a ser uma preocupação das empresas. Mas focando no lado positivo, do ano passado para cá, já é possível notar os avanços ao lidar com o assunto. Em 2021, o termo ESG atingiu o maior número de buscas nos últimos 16 anos. Foram 4 vezes mais buscas do que em 2020 e 13 vezes mais do que em 2019. E a tendência é só aumentar.
Pensando nisso, a XP Investimentos listou os 3 principais motivos para se importar com o ESG:
1. O engajamento dos investidores;
2. O comportamento dos consumidores;
Alguns podem argumentar que a relevância da Geração Z ou do jovem consumidor na condução da agenda sustentável é baixa, no entanto, não vemos dessa forma, pelo contrário.
Os indivíduos da Geração Z, nascidos após 1990, já representam um quarto da população global e possuem um papel importante em meio à mudança ambiental, tecnológica e social, bem como em suas famílias. Isso pois, embora a Geração Z seja jovem e, portanto, tenha renda inferior à média, eles têm uma influência mais ampla. De acordo com uma pesquisa feita pela IBM e National Retail Federation em 2017, 70% dos membros da Geração Z têm influência em como sua família gasta o dinheiro."
3. Existem estudos que comprovam que empresas preocupadas com ESG são mais rentáveis.
O SASB (Sustainable Accounting Standards Board) serve para padronizar os fatores importantes para o ESG e avaliar o desempenho das empresas no assunto. Confira os critérios utilizados:
Existem também outros índices a fim de padronizar e medir o desempenho, como o MSCI ESG Ratings.
Apesar de o assunto ainda ser tratado de forma tímida no Brasil, ele vem crescendo cada vez mais. De acordo com a Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiros, em 2020 houveram três vezes mais fundos ESG do que em 2019, totalizando R$700 milhões.
E por fim, a XP Investimentos fez uma lista com as 10 empresas brasileiras com maiores classificações ESG, como visto abaixo:
Esperamos que esse artigo tenha esclarecido sobre o assunto, que apesar de parecer fácil, pode ser algo bem complexo. E se a sua empresa ainda não começou a implementar ações voltadas para o ESG, comece a montar um plano de ação agora. Quanto mais rápido, mais fácil será para se adaptar.
REFERÊNCIAS:
Por que ESG é tão importante para empresas e startups?
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